Com armas rosas e coloridas, empresa americana vende mais de 60 mil rifles infantis por ano
Modelo cor de rosa foi fabricado especialmente para as meninasA Keystone tem como alvo o público infantil, inclusive com rifles cor de rosa para as meninas

Reprodução/nbcnews.com/independent.co.uk
“Eu não vejo problema nenhum nisso”, diz Angela Armstrong, moradora de Ohio, quando questionada sobre a Keystone Sporting Arms, empresa norte-americana especializada em fabricar armas para crianças, durante uma convenção da Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês) esta semana, nos Estados Unidos.
Foi com um dos produtos da Keystone, um .22 Crickett, que um menino matou sua irmã de dois anos na última terça-feira (30).
Segundo Angela, que foi entrevistada pelo jornal inglês The Independent, "[essas armas] não são brinquedos. É preciso ter a supervisão de um adulto, que deve ser um proprietário responsável”, avalia ela, uma das mais antigas associadas da organização.
Com os slogans “Meu Primeiro Rifle” e “Armas de Qualidade para a Juventude Americana”, a Keystone fabrica modelos como o Crickett e o Chipmunk, que têm ambos o público infantil como meta.
A fábrica, inclusive, tem em seu estoque rifles cor de rosa para as meninas. As armas são iguais àquelas feitas para os adultos.
Tragédia
Kristian Sparks, de cinco anos, ganhou a sua como um presente de aniversário, antes de apontá-la para sua irmã Caroline e puxar o gatilho.
Segundo a mãe das crianças, o rifle era mantido em “um canto” da casa, e ninguém sabia que estava carregado.
“Era um Crickett”, confirmou o legista Gary White.
— Acidentes com armas acontecem.
“Foi a vontade de Deus”, afirma a avó das crianças, Linda Riddle.
— Eu acho que era a hora de ela partir.
Cantinho das Crianças
No site da fabricante Keystone, é possível conhecer a história da marca e de seus fundadores, Bill e Steve McNeal, pai e filho, respectivamente.
Segundo a página, atualmente a fábrica comercializa 60 mil rifles infantis, e quer crescer ainda mais.
Na seção “Kids Corner” (algo como Cantinho das Crianças), disponível no site, estão dispostas fotos de crianças atirando e caçando animais como pássaros e cervos. Há, inclusive, imagens de bebês segurando armas.
“A meta da KSA é propagar a segurança em relação às armas na mente dos jovens atiradores, e encorajá-los a conquistar conhecimento e respeito que as atividades de tiro requerem”, defende o site.
Outro membro da NRA, Myron, que só quis dar seu primeiro nome, pareceu ofendido pela simples menção de que pode haver algo de errado com o mercado de armas para crianças.
— É absolutamente normal.
Seu filho de 11 anos já usa um modelo “mais sofisticado” há cinco anos.
— É uma questão para os pais, na verdade. Se os pais estivessem fazendo um bom trabalho, isso [o acidente com os irmãos] não teria acontecido. Não é um problema do menino de cinco anos, mas sim um problema dos adultos.
Na visão oficial da NRA, no entanto, as mortes de crianças por armas de fogo são o principal motivo pelo qual as leis de controle de armamento deveriam ser menos rígidas.
Essa defesa, no entanto, causa polêmica entre grupos que são a favor do controle de armas, um projeto de lei que está em discussão nos Estados Unidos.
De acordo com levantamentos recentes, as mortes em acidentes com arma já quase ultrapassam aquelas em acidentes de trânsito nos Estados Unidos. Além disso, ainda de acordo com a pesquisa, nos próximos dois anos mais americanos vão morrer por causa de armas do que a mesma quantidade de soldados mortos na Guerra do Vietnã (1959-1975).
“Não acho que seja uma batalha perdida [a luta contra o controle de armas]”, diz uma das organizadoras da convenção da NRA.
Angela Armstrong, a moradora de Ohio citada no início da reportagem, pensa um pouco diferente, e dá sua opinião com um sorriso irônico:
— Controle de armas, na minha opinião, é quando seguramos a arma com ambas as mãos.
Convenção vai até domingo
A Associação Nacional do Rifle abriu nesta sexta-feira sua convenção anual, em Houston (Texas), acusando o presidente Barack Obama de explorar o massacre na escola de Newtown com objetivos políticos.
No início do encontro de três dias, que reúne mais de 70 mil membros da organização de defesa do direito de posse de armas de fogo nos EUA, o principal lobista da NRA, Chris Cox, acusou Obama de explorar o massacre de dezembro passado — quando 20 crianças e seis adultos foram mortos em uma escola primária de Newtown, Connecticut — para obter benefícios políticos.
— Somos os pais e as mães, filhos e filhas da Associação Nacional do Rifle — e queremos evitar Newtown, não nos aproveitar disto. É isto que nossos adversários fazem. Utilizam a tragédia para restringir a liberdade individual- e depende de nós detê-los. Somos a maior esperança de liberdade, seu maior Exército e seu futuro mais brilhante.
Como prévia do discurso que fará no sábado, o diretor-executivo da NRA, Wayne LaPierre, denunciou "um esforço vicioso para atacar a Segunda Emenda (da Constituição) e demonizar os proprietários legais de armas".
Os críticos da NRA, uma das organizações lobistas mais poderosas do país, têm se manifestado em Houston para lembrar as mais de 30 mil mortes anuais relacionadas ao uso de armas de fogo nos Estados Unidos.
Os manifestantes leram em voz alta os nomes de 4.000 vítimas da violência armada desde o massacre de Newtown.
Fonte
rg71.rg10.net (Compartilhe essa Energia)
“Eu não vejo problema nenhum nisso”, diz Angela Armstrong, moradora de Ohio, quando questionada sobre a Keystone Sporting Arms, empresa norte-americana especializada em fabricar armas para crianças, durante uma convenção da Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês) esta semana, nos Estados Unidos.
Foi com um dos produtos da Keystone, um .22 Crickett, que um menino matou sua irmã de dois anos na última terça-feira (30).
Segundo Angela, que foi entrevistada pelo jornal inglês The Independent, "[essas armas] não são brinquedos. É preciso ter a supervisão de um adulto, que deve ser um proprietário responsável”, avalia ela, uma das mais antigas associadas da organização.
Com os slogans “Meu Primeiro Rifle” e “Armas de Qualidade para a Juventude Americana”, a Keystone fabrica modelos como o Crickett e o Chipmunk, que têm ambos o público infantil como meta.
A fábrica, inclusive, tem em seu estoque rifles cor de rosa para as meninas. As armas são iguais àquelas feitas para os adultos.
Tragédia
Kristian Sparks, de cinco anos, ganhou a sua como um presente de aniversário, antes de apontá-la para sua irmã Caroline e puxar o gatilho.
Segundo a mãe das crianças, o rifle era mantido em “um canto” da casa, e ninguém sabia que estava carregado.
“Era um Crickett”, confirmou o legista Gary White.
— Acidentes com armas acontecem.
“Foi a vontade de Deus”, afirma a avó das crianças, Linda Riddle.
— Eu acho que era a hora de ela partir.
Cantinho das Crianças
No site da fabricante Keystone, é possível conhecer a história da marca e de seus fundadores, Bill e Steve McNeal, pai e filho, respectivamente.
Segundo a página, atualmente a fábrica comercializa 60 mil rifles infantis, e quer crescer ainda mais.
Na seção “Kids Corner” (algo como Cantinho das Crianças), disponível no site, estão dispostas fotos de crianças atirando e caçando animais como pássaros e cervos. Há, inclusive, imagens de bebês segurando armas.
“A meta da KSA é propagar a segurança em relação às armas na mente dos jovens atiradores, e encorajá-los a conquistar conhecimento e respeito que as atividades de tiro requerem”, defende o site.
Outro membro da NRA, Myron, que só quis dar seu primeiro nome, pareceu ofendido pela simples menção de que pode haver algo de errado com o mercado de armas para crianças.
— É absolutamente normal.
Seu filho de 11 anos já usa um modelo “mais sofisticado” há cinco anos.
— É uma questão para os pais, na verdade. Se os pais estivessem fazendo um bom trabalho, isso [o acidente com os irmãos] não teria acontecido. Não é um problema do menino de cinco anos, mas sim um problema dos adultos.
Na visão oficial da NRA, no entanto, as mortes de crianças por armas de fogo são o principal motivo pelo qual as leis de controle de armamento deveriam ser menos rígidas.
Essa defesa, no entanto, causa polêmica entre grupos que são a favor do controle de armas, um projeto de lei que está em discussão nos Estados Unidos.
De acordo com levantamentos recentes, as mortes em acidentes com arma já quase ultrapassam aquelas em acidentes de trânsito nos Estados Unidos. Além disso, ainda de acordo com a pesquisa, nos próximos dois anos mais americanos vão morrer por causa de armas do que a mesma quantidade de soldados mortos na Guerra do Vietnã (1959-1975).
“Não acho que seja uma batalha perdida [a luta contra o controle de armas]”, diz uma das organizadoras da convenção da NRA.
Angela Armstrong, a moradora de Ohio citada no início da reportagem, pensa um pouco diferente, e dá sua opinião com um sorriso irônico:
— Controle de armas, na minha opinião, é quando seguramos a arma com ambas as mãos.
Convenção vai até domingo
A Associação Nacional do Rifle abriu nesta sexta-feira sua convenção anual, em Houston (Texas), acusando o presidente Barack Obama de explorar o massacre na escola de Newtown com objetivos políticos.
No início do encontro de três dias, que reúne mais de 70 mil membros da organização de defesa do direito de posse de armas de fogo nos EUA, o principal lobista da NRA, Chris Cox, acusou Obama de explorar o massacre de dezembro passado — quando 20 crianças e seis adultos foram mortos em uma escola primária de Newtown, Connecticut — para obter benefícios políticos.
— Somos os pais e as mães, filhos e filhas da Associação Nacional do Rifle — e queremos evitar Newtown, não nos aproveitar disto. É isto que nossos adversários fazem. Utilizam a tragédia para restringir a liberdade individual- e depende de nós detê-los. Somos a maior esperança de liberdade, seu maior Exército e seu futuro mais brilhante.
Como prévia do discurso que fará no sábado, o diretor-executivo da NRA, Wayne LaPierre, denunciou "um esforço vicioso para atacar a Segunda Emenda (da Constituição) e demonizar os proprietários legais de armas".
Os críticos da NRA, uma das organizações lobistas mais poderosas do país, têm se manifestado em Houston para lembrar as mais de 30 mil mortes anuais relacionadas ao uso de armas de fogo nos Estados Unidos.
Os manifestantes leram em voz alta os nomes de 4.000 vítimas da violência armada desde o massacre de Newtown.
Fonte
rg71.rg10.net (Compartilhe essa Energia)